Assim como um mecha grandão, Armored Core VI: Fires of Rubicon é um jogão – Review

Armored Core VI: Fires of Rubicon é divertido proporcionalmente ao tamanho de um mecha gigante. Supera expectativas e entrega uma experiência memorável repleta de ação.

Tempo de leitura: 8 minutos


Armored Core é o tipo de série de vídeo game que acabei acompanhando de longe, vendo um detalhe aqui, outro ali, por conta da sua temática chamativa baseada em confrontos entre mechas gigantes, mas que acabei não conseguindo jogar. Foi no The Game Awards 2022, quando Armored Core VI foi anunciado, que pensei comigo: “Que jogo é esse?!!! É Armored Core?… Sensacional! Quando é que sai?”.

Então, finalmente chegou o meu momento com a série, através do seu sexto título. Armored Core VI: Fires of Rubicon propõe mais uma vez confrontos frenéticos entre mechas gigantes, e se no passado já parecia algo divertido, agora que joguei, posso afirmar que essa ideia não só funciona perfeitamente, como é de fato, divertidíssima.

Em uma civilização interestelar tão tão distante…

Armored Core VI: Fires of Rubicon começa introduzindo um pouco dos acontecimentos do seu mundo. O jogo se passa em um futuro onde a humanidade conseguiu fundar uma civilização interestelar. Nessa realidade do jogo, existe uma substância chamada Coral, utilizada tanto como fonte de energia como canal de dados. Apesar das incríveis vantagens tecnológicas do Coral, sua exploração despertou um evento cataclísmico conhecido como Fogo de Íbis, responsável por um fenômeno de chamas que contaminou todo o sistema estelar. Após o ocorrido, acreditou-se que todo o Coral existente teve seu fim junto ao desastre, porém 25 anos depois, apareceram novos sinais de existência do Coral, e como imaginado, mais uma vez estão atrás dessa substância.

Aterrissando em busca de uma licença de mercenário válida – Screenshot: PS5/Joguindie

No jogo você é conhecido como “C4-621”, vulgo “Corvo”. Aos comandos do enigmático Handler Walter, você deverá pilotar um Armored Core e assumir trabalhos temporários de mercenário. O resto é estória. Conforme você realizada as missões principais e demais eventos do jogo, avança no desenrolar da estória. A estória principal é contada através de capítulos, e cada capítulo possui uma quantidade X de operações para você fazer. As missões principais são bem diversificadas, podendo variar entre confrontos diretos contra outros mechas, invasões de fortalezas, coleta de dados, entre outras. De uma perspectiva geral sobre as missões distribuídas entre os capítulos, apesar de existir uma certa semelhança entre algumas delas, sua modularidade em termos de desafio está sempre renovando a experiência de algum modo.

Além das missões principais, existem também os confrontos diretos entre mechas através dos modos Arena e Treinamento. Os confrontos na Arena são contra outra facção de Armored Core, e é um ótimo lugar para você testar suas habilitadas contra um único AC em confrontos frenéticos bem interessantes, e consequentemente garantindo como recompensa o COAM (dinheiro do jogo) e OST Chips que podem ser trocados por aprimoramentos. O modo treinamento não é tedioso como costuma ser em alguns jogos, você de fato tem o esclarecimento sobre conceitos muito importantes do combate do jogo e consegue colocar em prática o que foi aprendido, sem quaisquer amarras, ao fim de alguns treinamentos geralmente você garante alguma recompensa.

Ação sem hora para terminar

O conceito chave de Armored Core VI é o combate, portanto é difícil avançar no jogo sem entender como foi projetado os principais aspecto de combate do mesmo. No controle do seu Armored Core, você poderá se mover dentro do conceito de verticalidade, pular, e impulsionar pelas localizações. E um dos principais desafios da coisa está justamente no domínio da pilotagem. Você não terá problemas para simplesmente pilotar seu AC, mas quando o bicho pegar, suas habilidades de pilotagem serão colocadas à prova durante o fogo cruzado.

Embate de respeito – Screenshot: PS5/Joguindie

A maioria dos combates são intensos, fazendo da pilotagem um dos seus maiores trunfos nesse jogo. Quando você estiver diante inimigos inteligentes, não basta apenas descarregar o arsenal, é preciso se posicionar ao melhor ponto de defensiva e ofensiva, e fazer isso com uma certa sabedoria, conforme a complexidade do combate em andamento, caso contrário você será penalizado por isso.

O sistema de combate apresenta conceitos muito bem estabelecidos que contribuem positivamente na sua experiência. Você é incentivado a aprender, e não apenas porque é um dos melhores caminhos para continuar avançando, mas especialmente, porque é divertido colocar em prática todo o conhecimento conquistado. Seu AC é equipado com quatro armas: são duas nos ombros, e as demais, nas mãos. Cada arma do jogo tem particularidades efetivas em alguma camada de atributo, que quando equipada, altera os atributos do seu AC de diversas formas. Há armas para todos os estilos e desafios, seja seu estilo: close-range, medium-range ou long-range, você tem armas do tipo: cinético, energético ou explosivo para auxiliar no seu combate.

Todas as informações que você precisa estão a todo momento em tela – Screenshot: PS5/Joguindie

Durante o combate, é de suma importância compreender o seu HUD, afinal é através dele que você conseguirá visualizar de maneira efetiva detalhes importantes sobre os seus comportamentos, e também dos inimigos. Com o auxílio do HUD você poderá verificar a todo instante as condições do seu AC e até onde seus recursos poderão ser utilizados, assim como a dos seus inimigos, mas de maneira simplificada. No começo não é uma tarefa fácil se atentar aos detalhes exibidos no HUD quando o bicho tá pegando, mas aos poucos se você praticar, vai conseguir tirar vantagem das informações em tela.

Quando você confronta um inimigo, existem alguns conceitos do jogo interessantes que ditam o ritmo do confronto. Um dos grandes trunfos do combate, por assim dizer, é o atordoar (stagger), e para fazer isso acontecer, será preciso atingir o inimigo de forma que o medido de Sistema de Controle de Altitude (ACS Gauge) seja sobrecarregado. Quando o ACS Gauge é sobrecarregado, por alguns segundos, você poderá causar dano expressivo ao inimigo. O seu estilo de combate precisa agir em função do ACS Gauge, tanto o seu próprio para evitar situações desfavoráveis contra você, quanto o do inimigo. Cada inimigo tem particularidades, logo quer dizer que suas fraquezas precisam ser estudadas, dependendo da sua escolha de armamentos, conseguirá atordoá-lo rapidamente, ou não.

Derrubado! – Screenshot: PS5/Joguindie

A exigência de precisão pelo sistema de combate é alta, não adianta simplesmente tentar resolver tudo caindo em cima dos inimigos, dessa forma suas investidas serão pouco efetivas e geralmente frustradas. Você é incentivado a se dedicar ao aprendizado dos principais aspectos do combate, e quanto maior for o seu conhecimento e domínio do mesmo, mais recompensador será derrubar um inimigo.

A responsividade é tão bem ajustada nesse jogo, que todas as suas ações tem uma resposta quando acionadas, e isso torna possível para você colocar quaisquer tipo de estratégias à prova, basta executar que o jogo vai responder, mas lembrando, cada caso é um caso, e a adequação aos diversos desafios do jogo é outro fator essencial, vai acontecer, e até mais do que você gostaria, da sua build em campo não estar devidamente preparada para um determinado desafio, e você será de certo modo obrigado a reajustá-la para não ficar durante muito tempo em desvantagem.

Quando o combate fica intenso, recuar é tão ariscado quanto partir para cima – Screenshot: PS5/Joguindie

Com o que já foi comentado até então, ficou claro a dificuldade do jogo, mas para confirmar de maneira direta… sim, Armored Core VI é um jogo difícil. Não é o tempo inteiro difícil, você terá bons momentos de respiro entre uma missão e outra, ou qualquer outra atividade possível no jogo, porém quando chegar a hora de derrubar um chefe, você dificilmente terá um segundinho que seja de descanso.

Quando eu tive que derrotar o primeiro grande chefe do primeiro capítulo, percebi que o AC6 não estava para brincadeira. Perdi as contas de quantas vezes precisei repetir esse combate, porém uma incrível característica dos jogos da FromSoftware se mostrou mais uma vez presente: o aprendizado decorrente da derrota. Dificilmente você é derrotado sem pegar um detalhe que seja sobre o chefe em questão. Depois de incontáveis tentativas, finalmente conquistei o conhecimento necessário para derrubar o chefe, e a sensação prazerosa de vencê-lo fez todo o sofrimento valer a pena.

Quanto maior o mecha, maior o tombo – Screenshot: PS5/Joguindie

O único incômodo que tive com relação aos combates do jogo foi devido a agilidade excessiva de alguns inimigos, especialmente os chefes. Alguns chefes, por exemplo, se movem precisamente e atacam expressivamente dentro de um curtíssimo período de tempo, tornando o combate muito difícil de acompanhar. Se você não jogar em um estado de concentração alto, não terá a mínima chance de derrotá-los. Houve chefes que eu precisei me concentrar completamente, e para isso, precisei rushar mesmo dominando boa parte dos conceitos, já que não bastava entender o que estava acontecendo e lidar efetivamente, precisava também agir muitas vezes além do inimigo. Talvez se não houvesse tanta necessidade de rushar alguns inimigos para conseguir derrubá-los, alguns combates fossem mais “justo”. Bem, tem também o fato de que talvez essa tenha sido a estratégia que mais funcionou para mim, ainda que mesmo depois de testar um bocado de possibilidades.

Um mecha para chamar de seu

Já adianto logo, a customização em Armored Core VI é incrível. Você pode mudar todos os aspectos do seu mecha, transformando ele em um “robozão blindão” cheio de personalidade. As principais partes do seu mecha podem ser modificadas, e você é livre para fazer isso quase do jeito que bem entender, embora tenha alguns pequenos fatores limitantes que se não forem bem entendidos podem tornar a construção de um determinado tipo de mecha do seu interesse mais difícil de alcançar.

Customizei o meu mecha inspirado no Evangelion Unit-01

Há uma variedade generosa de possibilidades, mas aspectos como o de carga, que é um limitante de peso das peças selecionadas, deverá ser considerado durante a construção do seu AC. Indo ainda mais além na customização, você também pode alterar toda a aparência do seu mecha.

As opções de personalização são muitas, é possível alterar a pintura, aspectos de condição do metal, texturas, criação e aplicação de adesivos prontos e personalizados, e tudo isso pode ser feito em todas as peças do seu AC com pouquíssimas restrições.

Armored Core VI ganhou meu coração

Estou jogando o Armored Core VI no PS5, e o jogo está rodando muito bem, sem qualquer queda de quadros perceptível, mesmo em momentos onde a tela está repleta de inimigos e tiros para todos os lados. A minha configuração é a de performance, até testei a que prioriza gráficos, mas não senti que a diferença é tão expressiva ao ponto de trocar mais quadros por mais gráficos.

Quem viveu esse momento, sabe que é só o começo – Screenshot: PS5/Joguindie

Armored Core VI: Fires of Rubicon superou todas as minhas expectativas logo no início da minha trajetória como mercenário piloto de mecha, assim que encarei meus primeiros desafios, mexi nas peças do meu mecha e personalizei ele da minha maneira pela primeira vez, senti uma ligação toda especial com o jogo. Controlar um mecha gigante confiando na visão da FromSoftware sobre tamanha experiência, através de um controle de vídeo game, proporcionou momentos de jogatina memoráveis de tão intensos. Armored Core VI ganhou meu coração, e ocupará um espaço visível da minha biblioteca até que eu tenha extraído o suficiente para guardá-lo para sempre na minha memória.

A cópia do jogo utilizada para essa review foi generosamente disponibilizada pela assessoria de imprensa da Bandai Namco, distribuidora do jogo, a qual agradeço pela confiança.


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