Já joguei e gostei muito de beat ‘em up no passado, mas, com o passar dos anos, a dificuldade em reunir a galera foi se tornando uma barreira. Pelo menos para mim, esse é o tipo de gênero que brilha muito mais no multiplayer, especialmente local, do que solo. Aproveitei um final de semana em que o meu irmão mais novo ficou aqui em casa e chamei ele para jogar. O resultado? Quando nos demos conta, havíamos zerado o jogo numa sentada só.
O retorno da diversão de sofá
Absolum é um jogo de plataforma do tipo beat ‘em up que não só resgata o melhor do gênero, como faz você sentir que beat ‘em up é um clássico eterno. Acho que desde Castle Crashers nunca mais me engajei tanto com um título assim. E olha que tentei vários lançamentos recentes, mas não tive tanta conexão, talvez por ter jogado a grande maioria sozinho, enfim, conversa para outro momento… a real é que Absolum foi um choque para mim, pois eu não sabia que precisava de um jogo como ele para me divertir à moda antiga no sofá. O jogo tem uma vibe nostálgica, mas renovada, especialmente por aderir ao roguelite, um gênero do qual não sou o maior fã, mas que aqui funciona demais.

Nostalgia medieval e atmosfera mágica
A “receita de bolo” dos briga de rua está em Absolum, mas executada com maestria. Desde o início, você é absorvido por um mundo medieval que remete aos clássicos desenhos de aventura dos anos 80 e 90, como He-Man e Caverna do Dragão. A atmosfera é um negócio mágico, te situando muito bem na linha do tempo e nos acontecimentos. Talamh, a cidade onde o jogo se passa, foi devastada por um cataclisma mágico causado por seus próprios magos, gerando um medo generalizado sobre o uso da magia. Foi então que o Rei Sol Azra se aproveitou desse cenário de incerteza para escravizar magos através de sua Ordem Carmesim, colocando príncipes leais para governar os reinos conquistados. É um verdadeiro caos, e é aí que entram nossos heróis para tentar restaurar a paz.
Heróis únicos para estilos diferentes
Cada personagem é único e possui habilidades próprias tão legais que você sente vontade de testar todas, nem que seja para entender a mecânica. Particularmente, gostei muito da Galandra, uma das personagens iniciais. O estilo dela é um pouco mais “pesado” devido à longa espada, mas, ao mesmo tempo, é ágil e devastador. Em meio a grandes hordas de inimigos, ela se mostrou a mais eficaz para o meu estilo de jogo.

Mas o elenco de apoio não fica atrás. Testei também o Ladino, que é o oposto da Galandra: extremamente rápido, focado em adagas e movimentação evasiva, perfeito para quem gosta de entrar e sair do combate num piscar de olhos. O Mago, que muda completamente a dinâmica, permitindo controlar o campo de batalha à distância com magias de área, embora exija mais cuidado no posicionamento. Essa variedade garante que, independentemente de como você gosta de jogar — seja tankando, batendo e correndo, ou conjurando —, haverá um herói para você.
O combate engenhoso
O combate de Absolum é um negócio muito divertido. O sincronismo dos botões com as ações em tela faz toda a diferença, e qualquer ataque desferido tem peso, é sentido de verdade. Em meio às hordas de inimigos, a tela vira uma chuva de golpes caótica e emocionante. Tudo o que você quer é aniquilar geral, mas não apenas esmagando botões: o jogo te incentiva a fazer valer suas habilidades motoras.

Aí entram os poderes especiais, que dão o tempero extra. Há uma variedade muito boa de habilidades que você vai desbloqueando ou equipando. Desde invocações elementais que congelam ou queimam grupos inteiros de inimigos, até “ultimates” devastadoras que limpam a tela nos momentos de aperto. O legal é como esses poderes conversam entre si; jogando em dupla, eu podia lançar um atordoamento enquanto meu irmão vinha com o dano massivo. A sinergia é sensacional.
Elementos de roguelite que fazem a diferença
Mencionei no começo que o rótulo de roguelite me assustou um pouco antes de começar, pois imaginei que as características de “perder tudo e voltar” iriam me tirar do jogo. Para a minha grata surpresa, aconteceu o contrário. Os elementos de roguelite fizeram toda a diferença, especialmente no quesito experimentação. O jogo meio que quer que você teste coisas novas. Mesmo que você já tenha seu “main” definido, é muito divertido descobrir novas possibilidades e builds a cada tentativa.

O conceito de runs cria o loop do jogo: a cada rodada você fica mais forte, seja com poderes novos, ouro para upgrades permanentes ou a própria experiência. É um ciclo simples e conhecido, mas que em Absolum torna a progressão prazerosa, pois você sempre sente que conquistou algo valioso que será aproveitado na próxima run.
Um deleite visual e sonoro
Se você observou as capturas de tela, já percebeu que Absolum é visualmente impecável. Mesmo com todo o caos da porradaria, você ainda se pega apreciando o capricho artístico. E a trilha sonora? Simplesmente perfeita. Com nomes de peso nas composições, ela entrega uma imersão impressionante. Você se conecta tanto com a atmosfera que, quando se dá conta, está se movendo e atacando no ritmo da música.

Absolum é uma verdadeira carta de amor ao gênero beat ‘em up, denotando um cuidado absurdo nos mínimos detalhes. Minha experiência não poderia ter sido mais satisfatória e, sem sombra de dúvidas, épica. Foi uma jornada que me divertiu do começo ao fim e que me lembrou exatamente o porquê eu amava tanto esses jogos na infância. Se você tem saudade daquela época de ouro ou apenas quer um coop de qualidade para curtir no sofá com alguém, Absolum é o jogo.
Mais detalhes da minha experiência com o jogo estão no Joguindie Journal.
A cópia do jogo utilizada para essa review foi generosamente disponibilizada pela assessoria de imprensa da Dotemu, distribuidora do jogo, a qual agradeço pela confiança.

