SAND LAND proporciona uma aventura desértica singular – Review

Baseado na obra de Akira Toriyama, SAND LAND é um RPG de ação bem humorado e divertido que se passa em um mundo desértico caprichado.

Tempo de leitura: 6 minutos


SAND LAND é uma obra única do consagrado Akira Toriyama, assim que fiquei sabendo do jogo, fiquei muito animado com a ideia. Finalmente poder controlar Beelzebub e viver suas inusitadas aventuras pelo deserto é até mais divertido que apenas ler o mangá de SAND LAND. A execução dessa ideia à cargo da Bandai Namco tem alguns tropeços, mas o resultado final é admirável.

O mundo desértico

Em um mundo devastado e tomado pela areia, onde água é um dos itens mais valiosos, você é o príncipe demônio Beelzebub, um personagem cheio de carisma, logo envolto em uma aventura que beneficiará a todos. Quando o xerife Rao aparece propondo uma “aventura” para Beelzebub, ele e o seu amigo demônio Thief partem juntos com o xerife em busca de um novo abastecimento de água que poderia acabar com a sua escassez.

Onde quase tudo é areia – Screenshot: Xbox Series S/Joguindie

O que aconteceu?

A estória de SAND LAND no jogo é praticamente a mesma do mangá, logo, no que diz respeito a estória, o jogo não deixa a desejar, o mangá foi muito aclamado pelo seu humor, críticas sociais, conflitos políticos, e os seus reflexos na sociedade.

O jogo contém o melhor do mangá, e ainda vai além através de algumas adequações feitas para tornar essa mudança de mídia de entretenimento mais interessante, tanto que mesmo com toda a influencia do mangá nas estórias das missões principais, há detalhes diferentes e legais. As missões secundárias, por exemplo, são a maior prova do bom aprofundamento da estória devido aos bons diálogos, mesmo que nem sempre a missão em si seja interessante.

Objetivos

As missões principais de SAND LAND tem um desenrolar muito ligado a estória, uma decisão que pode desagradar alguns, já que a sensação ao concluir as missões é de que faltou aprofundamento de jogabilidade, resultando em uma experiência de jogo em si menos criativa quanto as possibilidades. Particularmente, gostei, mas realmente falta profundidade de jogabilidade nas missões, muito do seu tempo de missões será acompanhando a estória e descendo a porrada nos inimigos sem muitas exigências estratégicas, mesmo no modo mais difícil de dificuldade, quase como um hack and slash, e menos como um RPG de ação, gênero o qual SAND LAND diz abraçar.

“Demônios são malignos, é isso aí.” – Screenshot: Xbox Series S/Joguindie

Personagens cativantes

SAND LAND tem um elenco de personagens muito carismático, poucos estão deslocados nesse mundo de areia, Beelzebub é sarcástico e cheio de energia, o Xerife Rao é aquele vovô com muitas experiências de vida, Thief é o rabugento do grupo, sempre reclamando de tudo, enquanto Ann é o equilíbrio das coisas, e quase sempre propõe novas possibilidades… Há muito mais personagens bacanas no elenco, falar de cada um levariam um tempão, então adianto que são tão interessantes quanto o grupo principal.

Apesar de SAND LAND ter missões que se assemelham em estrutura, e exploram pouco as diversas possibilidades de jogabilidade, fazê-las é muito divertido, e mesmo a estória contribuindo bastante, controlar Beelzebub é bem legal e repleto de possibilidades de jogabilidade engenhosas. Antes de avançar na estória principal, fiz uma boa quantidade de missões secundárias, assim consegui aproveitar bem a minha experiência, e de quebra, desbloquear um bocado de melhorias e itens cosméticos que só puderam ser alcançados através das missões secundárias.

Jogando

Beelzebub é um personagem fácil de controlar, e sua presença de combate é bem legal, mas a jogabilidade transparece um pouco de sensação plástica. Ele é bem porradeiro, você consegue deferir golpes com suas mãos e pés, mas nada muito além disso, existem alguns combos básicos, mas deixam a desejar pela falta de diversidade, além disso, também tem poderes especiais após encher a barra de energia. A jogabilidade é fluída, mas é um tanto simplória, e os inimigos de certo modo não exigem muitos malabarismo durante os combates.

Fogo neles! – Screenshot: Xbox Series S/Joguindie

Em SAND LAND você vai poder controlar tanque, carro, moto e até robô. A mecânica de pilotagem dos veículos é bem amigável e divertida, os veículos não tem tantas diferenças de jogabilidade de um para o outro, então escolher qual utilizar é mais uma questão de preferência e necessidade, já que alguns desafios do jogo vão precisar de um determinado tipo de veículo.

Veículos para todos os gostos

Os veículos são muito importantes para os combates, e cada um dos disponíveis para você estarão equipados com armamentos. Geralmente você pode intercalar entre 2 armas que variam dependendo do veículo, e tem efetividade maior dependendo da situação de confronto ou o tipo de inimigo.

O tanque, por exemplo, é bem efetivo na maioria dos combates, pois dependendo do seu estilo de jogo, resiste bastante aos danos recebidos, sua movimentação é lenta, mas facilmente controlável durante o fervor do confrontos, e ainda consegue dar muitos danos aos inimigos.

Eita, que hoje tá quente! – Screenshot: Xbox Series S/Joguindie

Muita personalização disponível

A personalização é algo levado a sério em SAND LAND, possibilitando a modificação de diversas partes dos veículos. Você pode mexer nas armas, motores e suspensões, e a quantidade de variáveis é bem alta, então cada peça tem níveis, e peculiaridades interessantes, todavia na prática não senti que os desafios propostos pelo jogo justificam tantas possibilidades, mas é bem legal poder brincar com tantos aspectos de personalização. Indo além, você ainda pode personalizar a sua casa, e ela pode ser decorada com muito esmero.

Exploração

O mundo de SAND LAND é bem agradável de explorar pela criatividade de construção, mas não é dos mais caprichados quanto aos “souvenirs”, as recompensas deixam um tanto a desejar, e não são das mais motivadoras. Existe uma quantidade bem alta de baús em cada área do mapa, porém reservam coisas aleatórias que poucas vezes recompensam verdadeiramente, então a menos que você queira fazer aquele farm caprichado de bugigangas ou 100% do jogo, não diria que vale encarar o desafio de procurá-los.

Muitas localizações para desbravar – Screenshot: Xbox Series S/Joguindie

Por outro lado, o mundo do jogo é atrativo por si só, mesmo diante tanto deserto, acaba sendo muito recompensador explorá-lo aos mínimos detalhes. Durante alguns dos meus momentos de jogatina, simplesmente peguei minha moto e fiquei perambulando em baixo do sol aparentemente fervente para apreciar a imensidão, curtindo a solitude do momento, e consequentemente fazendo descobertas.

O deserto fabuloso

SAND LAND é um jogo visualmente estonteante, a influência de Akira Toriyama é muito predominante, mas é notável o quanto essa transição do 2D para o 3D foi bem feita. A direção de arte do jogo conseguiu captar toda a essência da obra derivada e ainda trazer um toque moderno para a mesma. O cor do deserto é predominante em quase todo o jogo, e apesar de ter sido cuidadosamente planejada para acompanhar a temática do mundo de SAND LAND, pode causar fadiga ocular dependendo da sua sensibilidade depois de algumas horinhas de jogatina, o contraste é forte, e os efeitos de iluminação trazem muitas características de exposição do sol. A parte sonora e efeitos de som do jogo são legais, não fazem feio, e é isso, durante a minha jogatina não me senti muito envolvido pela trilha sonora, infelizmente.

Recarregando as baterias – Screenshot: Xbox Series S/Joguindie

Uma memorável aventura

O mundo de SAND LAND é um lugar muito gostoso de estar, gostei demais de cada momento, senti uma conexão maior até que com a obra original do Akira Toriyama. Felizmente SAND LAND mantém a balança equilibrada, tem os problemas apontados, porém não deixa a peteca cair e consegue se sobressair entregando uma experiência de jogo bem divertida. O deserto até pode não guardar tantos segredos assim, mas reserva boas aventuras, e quem não gosta de uma boa aventura, não é mesmo?

A cópia do jogo utilizada para essa review foi generosamente disponibilizada pela assessoria de imprensa da Bandai Namco, distribuidora do jogo, a qual agradeço pela confiança.

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