As vezes tenho experiências com games difíceis de descrever, quando zerei Bramble: The Mountain King fiquei durante algum tempo refletindo sobre o que havia sentido. Esse jogo agarra você pelas mão de tal maneira que quando percebe, já está completamente vidrado pelo o seu mundo fantástico.
Sobre um menino chamado Olle, cujos acontecimentos o levam a procurar por sua irmã, Lillemor. A partir da janela do seu quarto, você salta em uma inusitada floresta onde o dia geralmente é alegre, e a noite é um mistério. Conforme você avança caminhando pela floresta, as coisas vão sendo melhor esclarecidas, mas algumas respostas são deixadas para a sua interpretação. Você não está sozinho, há criaturas diversas, algumas boas, outras nem tanto.
Como a estória de Bramble: The Mountain King é inspirada no folclore nórdico, imagino que se você estiver familiarizado com o mesmo, ficará ainda mais imerso pela incrível representação de alguns acontecimentos, mas não é necessário conhecimentos prévios, o jogo tem um desenrolar de estória bem executado, você entende os acontecimentos enquanto estão ocorrendo, e o poder da narração se faz bastante presente durante toda a aventura.
Sou o tipo de jogador mais disperso, acabo deixando passar algumas coisas, mas mesmo assim, consegui entender perfeitamente a estória até onde é construída com esse intuito, já que existem detalhes que são deixados para o interpretativo.
Esse é o tipo de jogo que preciso ser cauteloso ao comentar da sua estória, afinal é importante manter você blindado de spoilers para que a sua experiência seja excepcional. O terror é um forte aliado dessa experiência, sendo você uma criança em terras desconhecidas, uma tensão é constantemente alimentada pelo desconhecido.
Você não sabe o que essa aventura para encontrar a sua irmã reserva, então cada passo dado pode ser um motivo para temer. Bramble: The Mountain King provoca um mix de sentimentos, e é incrível a forma que eles penetram em você, deixando a sua respiração ofegante, e seu senso de sobrevivência em alerta. Ao mesmo tempo que você quer continuar seguindo em frente, quer parar por um momento, apenas para respirar.
A estória prendeu a minha atenção do começo ao fim, tanto que finalizei o jogo em uma sessão. Um pouco depois da metade para o final, a tensão do jogo foi escalando mais, e essa mudança acabou me deixando menos motivado a seguir em frente, mas não em decorrência de uma queda de qualidade, só era difícil lidar com o pesar dos acontecimentos. A prova do quão imerso fiquei em Bramble: The Mountain King.
Controlar Olle é simples e intuitivo, você basicamente caminha e pula, e quando houver a necessidade, faz algumas ações tão simplificadas quanto. Jogos como Bramble: The Mountain King apostam mais na experiência, deixando a jogabilidade, de certo modo, engessada.
À medida que os desafios foram exigindo mais interação, os controles responderam bem dentro das suas limitações. Durante os combates contra chefes, por exemplo, quando era preciso desviar e preparar um ataque, a resposta de Olle para os seus comandos foi imediata, sem parecer desengonçada ou fora de timing, assim passando boa parte da responsabilidade de fracassos para você, ao invés do jogo.
A ambientação de Bramble: The Mountain King é magnífica, você se sente realmente transportado para aquela realidade fantástica. A quantidade de detalhes em cada cenário é impressionante, e nem digo de um aspecto gráfico, mas artístico mesmo. Durante a jogatina, a sensação era de que alguém habilidoso estava de longe filmando Olle meticulosamente. O resultado desse “trabalho de filmagem” é digno de grandes produções de cinema.
Os sons e trilha sonora desse jogo são impecáveis, sabem precisamente quando e como percorrer pelos os seus tímpanos, enriquecendo ainda mais a experiência. Joguei no PS5 com aquele fone que suporta áudio 3D, e apesar de não ter os efeitos de áudio tridimensionais mais impressionantes, contribuiu um bocado na imersão.
Ainda é difícil expressar com clareza o meu sentimento com Bramble: The Mountain King… a minha experiência foi inquietante, mas estranhamente acolhedora. Sem saber o que esperar, me deixei levar pelos fascínios tanto da luz quanto da escuridão desse mundo fantástico, e talvez por conta do que encontrei nos dois extremos, senti que fui verdadeiramente recompensado pelo que Bramble: The Mountain King proporcionou.
A cópia do jogo utilizada para essa review foi generosamente disponibilizada pela assessoria de imprensa da Merge Games, distribuidora do jogo, a qual agradeço pela confiança.