Chained Echoes tem sido aquele jogo de sessões curtas mas prazerosas para mim… tenho tentado apreciá-lo com calma e atento aos mínimos detalhes. Sou um amante do gênero JRPG, e Chained Echoes é uma verdadeira carta de amor ao gênero, sem exagero.
Apesar de inspirado em jogos do gênero da era 16-bit, Chained Echoes é um JRPG atual em muitos aspectos… Imagine qualquer clássico do gênero favorito… Chained Echoes terá algumas características deste, seja no estilo de combate por turnos, visuais, narrativa, algo vai te lembrar dos velhos memoráveis do gênero JRPG.
Chained Echoes é uma criação no mínimo audaciosa de um único homem, o Matthias Linda, e talvez por conter tanto da percepção particular dele, o jogo tenha uma “alma” diferenciada. Quem conhece o gênero, sabe o quanto o quarto do herói é um lugar memorável, em Chained Echoes o quarto do herói talvez seja um dos maiores lembretes de que aquele personagem não pode se deixar levar pelo conforto, pois a sua jornada já está escrita e o caminho é árduo.
Chained Echoes tem uma história bem original, apesar de seguir o conceito de trajetória do herói. Em um mundo bastante político, em que as principais civilizações só precisam de um simples “esbarrar de ombros” para alimentar uma guerra, uma galera inusitada acaba se juntando por uma causa comum. Embora pareça só mais uma galerinha para justificar o quantitativo e estratégias do combate, cada um dos personagens apresentados tem uma construção criativa.
A construção de personagens em Chained Echoes é primorosa, você sente a presença de cada um deles e entende suas posições perfeitamente. Quanto mais jogo, mais quero saber da vida de cada um dos personagens que estou controlando. O nascimento de uma relação entre jogador e personagens fictícios começa a aumentar, e consequentemente uma jogatina mais profunda é estabelecida.
Eis que a história se entrelaça em tudo que há de melhor no gênero JRPG e você é complemente imerso no jogo. É notável que Matthias Linda sabia do potencial da história construída para o seu jogo, mas a grande sacada foi justamente entender que essa história sem uma substância dentro da proposta do projeto não poderia ser utilizada, sendo assim Chained Echoes só é o que é graças ao entendimento de Mathis sobre quais características determinam um verdadeiro JRPG.
Quando perguntado sobre algo legal em Chained Echoes, Matthias Linda respondeu na entrevista do site Touch Arcade:
“A coisa mais óbvia é o sistema de combate. É baseado em turnos, sim. Tem muita profundidade tática, especialmente com personagens que entrarão na party mais tarde. E toda luta, mesmo contra criaturas insignificantes, pode ser um desafio. E enquanto essas lutas demoram, o sistema de combate parece rápido e cheio de ação.”
— Matthias Linda
Não poderia concordar mais, o sistema de combate de Chained Echoes vai muito além do conceito estabelecido pelo gênero, ele é inovador. Além dos combates exigirem que o jogador entenda bem as habilidades de cada um dos personagens e como utilizá-las efetivamente, o sistema de Overdrive presente em cada uma das batalhas é uma interessante adição para os combates. O Overdrive é um sistema que requer sua atenção por determinar significativamente o desenrolar do seu combate. Explicando por alto seu funcionamento, através de uma barra de três cores (laranja, verde e vermelho), uma seta determina em que posição nas cores está seu Overdrive, então partindo do princípio das cores da barra, entende-se que: laranja é neutro, verde é buff e vermelho é debuff. Manter seu Overdrive equilibrado, afinal seus comportamentos de combate vão determinando as condições do mesmo, acrescenta a cada um dos combates enfrentados um desafio extra bem divertido.
Chained Echoes é a experiência do gênero JRPG mais interessante que eu tive nos últimos anos… a cada hora de jogo me sinto mais envolvido e com aquele desejo insaciável de quero mais. Que mais jogos de um modo geral proporcionem histórias tão memoráveis quanto a de Chained Echoes, e que os do seu gênero acrescentem mais substância. JRPGs à moda antiga precisam ser eternizados, mas para tal, requer investimentos em avanços, cartas de amor não deveriam ser escritas com palavras vazias.