Comecei a jogar jogos de tiro em primeira pessoa há pouco tempo. Algumas das minhas experiências recentes foram excelentes, outras nem tanto, mas no geral, tem sido interessante, além de ser um gênero que tive pouco contato e o fator novidade ainda é latente, tenho me divertido de um jeito particular.
Call of Duty é uma série com a qual não estou muito familiarizado, embora tenha jogado um tempo legal de Warzone, não conhecia a sua campanha, muito menos o seu multiplayer. Black Ops 6 é o meu primeiro jogo da série, e como tal, entregou uma experiência cheia de momentos marcantes, e repleta de conceitos que até então eram desconhecidos para mim.
Um modo campanha de respeito
A campanha de Call of Duty: Black Ops 6 é ambientada durante a Guerra do Golfo, no começo da década de 1990. Durante esse período, a CIA começou a ser infiltrada por uma força-tarefa clandestina que eliminava qualquer um que tentasse se opor às suas operações nefastas. Heróis do sistema militar como Frank Woods, nome familiar caso você tenha jogado os jogos anteriores, foram obrigados a se esconderem para lutar outro dia. Você é um dos “traidores”, e seguirá seu caminho ao lado de Woods e amigos para tentar limpar o seu nome e consequentemente, quem sabe, acabar com a corrupção dentro do sistema militar.
Seus próximos passos ocorrerão em uma mansão abandonada que agora serve como seu quartel-general. Nessa mansão é possível conversar com os demais exilados, explorá-la para desvendar seus mistérios, equipá-la com bancadas de melhorias, e traçar seu próximo destino.
O QG é o seu lugar de descanso, apesar de todos estarem quase sempre bastante tensos devido ao desenrolar dos acontecimentos da trama, é legal de acompanhar seus diálogos e consequentemente se inteirar mais da trama. Explorar os cômodos da mansão além de revelarem um pouco mais da estória do lugar, propõem recompensas pela resolução dos enigmas encontrados. Dependendo do quanto você está disposto a gastar do seu dinheiro conquistado em missões, haverá várias opções de bancadas de melhorias. A escolha depende da utilidade delas para você e do quanto deseja investir. Aspectos de treinamento, equipamento e armas poderão ser melhorados.
A trama segue por um caminho confortável, mas bem construído, então por mais que você imagine logo de início como será todo o seu desenrolar, os acontecimentos ainda surpreenderão. A construção dos personagens funciona, e os eventos te incentivam a prosseguir. Talvez a estória pudesse explorar mais profundamente os conflitos apresentados, mas, de modo geral, ela possui tudo que desejamos: ação intensa com tiroteios de alta qualidade, o que agrada bastante amantes do gênero.
Em zonas de fogo, o bicho pega, e é quando você se dar conta do quão legal é estar envolvido sem apoio militar em diversos contextos conspiratórios. É você e seus amigos contra tudo e todos, lidando com as escassezes, tentando garantir um pouco de dignidade em meio à todas atrocidades em percurso, também promovidas por você, não há mocinhos, que fique claro.
A responsividade impressiona
É complicado para mim detalhar as novidades que Call of Duty: Black Ops 6 apresenta na jogabilidade, pois me falta conhecimento específico, mas é certo que deve haver melhorias em vários aspectos que contribuíram para sua popularidade, especialmente considerando quão impressionante é a responsividade do jogo.
Em momentos em que tudo acontece de forma acelerada e simultânea, as suas ações mais parecem orquestradas, embora não seja realista, evoca a realidade e faz você se sentir imerso em uma zona de combate intensa, mesmo sem ter experienciado algo semelhante. Experimentei longos períodos de imersão na campanha, sendo completamente capturado pela maioria dos eventos em andamento.
Gostei de todas as missões, mas algumas foram especiais, como a missão “Temporada de Caça”, cheia de pontos controlados pelo inimigo, fiz questão de conquistar cada ponto marcado no mapa, pois a sensação de tomar territórios no deserto era incrivelmente empolgante. A missão “Emergência” conseguiu criar uma atmosfera de terror inesperada e impactante. Enquanto a “O Berço” me transportou para um bom filme do Michael Bay… realmente fui surpreendido com as missões, cada uma mais interessante que a outra, propondo algum diferencial bacana. Ao final de tudo, o gosto era de quero mais. Infelizmente a campanha principal é curta, podendo ser fechada em menos de 10 horas.
Realismo + Diversão = Equilíbrio Perfeito
Call of Duty: Black Ops 6 apresenta uma jogabilidade que equilibra o realismo das armas com a diversão, e em termos de movimentação e outras interações do personagem, opta por afastar-se mais da realidade para garantir uma experiência de jogo ágil e agradável. Apoio decisões que favoreçam a diversão e, considerando o contexto do jogo, é preferível que ele se concentre no entretenimento.
Black Ops 6 parece manter sua fórmula, o que é positivo, pois, pelo que sei, a sua fórmula é o seu maior trunfo. Estou longe de ser um jogador habilidoso no gênero de tiro em primeira pessoa, mas a jogabilidade de Black Ops 6 é tão recompensadora que é fácil querer jogar só mais uma partidinha e acabar perdendo completamente a hora de ir dormir. Aprecio mecânicas fáceis de pegar, mas difíceis de dominar, as de BO6 seguem por esse caminho feliz, então com o controle em mãos você saberá bem o que precisa ser feito. Se você quer ser o cara do CoD, aí o caminho é mais desafiador, e geralmente reservado para os mais dedicados devido à complexidade e às nuances que essa jogabilidade aparentemente amigável esconde.
Multiplayer divertido
Call of Duty é sinônimo de multiplayer, e seu legado continua intacto em Black Ops 6. O modo multiplayer de BO6 é muito divertido e viciante; uma vez que você se envolve, é difícil parar de jogar. Sua fórmula é cativante e deixa você totalmente envolvido. Sou o tipo de jogador menos aficionado por multiplayer, mas tenho me dedicado bastante ao BO6 e me surpreendido com o quanto estou me divertindo, considerando meu usual desinteresse por esse tipo de experiência.
Se você já estiver acostumados com o multiplayer de CoD, as mudanças em BO6 provavelmente serão discretas. Aparentemente houve mudanças sutis na jogabilidade e balanceamento das armas, a adição de novos mapas e customizáveis, e outros aparatos.
Uma mudança muito comentada, é o retorno da rodadas de hordas de zumbis, modo em que você e outros jogadores devem derrubar hordas de zumbis. Joguei algumas partidas, e achei divertido, porém não me pegou tanto quanto o multiplayer tradicional e seus vários modos. Diria que o modo Zumbi é onde você “descansa” das longas sessões contra oponentes de verdade, mas isso não significa que será menos estressante. Nem sempre é fácil lidar com hordas de zumbis, e estar bem armado não é suficiente sem uma boa equipe e uma estratégia bem elaborada.
No multiplayer, quase tudo tem uma progressão, desde o seu personagem até as armas que ele usa, Black Ops 6 é um jogo que valoriza jogadores fieis, algo que particularmente não gosto, curto jogar no meu tempo, e sem amarras. Um aspecto interessante do sistema de progressão de armas é que ele oferece novas possibilidades para as suas armas, permitindo uma variedade imensa de personalizações na composição delas.
O meu CoD favorito
Comparando Black Ops 6 com os lançamentos anteriores, o avanço gráfico é notável. Se você assistir a alguns vídeos comparativos online, poderá notar o quanto o jogo progrediu em termos gráficos. O realismo fotográfico está mais evidente nos visuais das armas, e suas animações estão um pouco mais condizentes com a realidade. Quanto aos cenários, eles estão bastante bonitos, com uma boa parcela de texturas de qualidade, contraste de cores intensificado, iluminação dinâmica competente, e um notável compromisso com o fotorrealismo.
Até quem não conhece Call of Duty sabe algo sobre a qualidade dos efeitos sonoros, e em Black Ops 6 isso se mantém. Use um fone de qualidade e desfrute, pois a engenharia sonora de BO6 é realmente impressionante. Me peguei muitas vezes atirando aleatoriamente com armas diversas somente para apreciar os seus efeitos sonoros. A trilha sonora também é bem aproveitada, com composições diversificadas, e devidamente integradas nos momentos apropriados, evocando a imersão de maneira acertada.
Até pouco tempo atrás, não tinha ideia de como era jogar Call of Duty, mas Black Ops 6 veio para corrigir isso. É bom ser surpreendido por uma experiência de tiro em primeira pessoa cuja campanha é excepcional e seu multiplayer é melhor ainda, tanto que estou finalizando essa review pensando na minha próxima partida. Quem sabe possamos ter uma troca de tiros fervorosa qualquer dia desses no modo multiplayer.
A cópia do jogo utilizada para essa review foi generosamente disponibilizada pela assessoria de imprensa da Activision, distribuidora do jogo, a qual agradeço pela confiança.