Ruff Ghanor é um interessante “deckbuilding” com elementos de “roguelite” – Review

Inspirado no universo Jovem Nerd, Ruff Ghanor é um jogo de deckbuilding com elementos de roguelite caprichado e divertido de jogar

Tempo de leitura: 4 minutos


Ruff Ghanor é um deckbuilding com elementos de roguelite inspirado em um universo criado pelo Jovem Nerd. Nunca acompanhei o trabalho deles, muito menos suas obras, logo não saberei ir a fundo quanto ao que representam, mas pelo o que joguei do seu jogo, posso dizer que o universo de Ruff Ghanor é caprichado.

Um trechinho de estória – Screenshot: Steam Deck/Joguindie

A jornada do herói

No papel de Ruff Ghanor, você interpretará um clérigo destinado a libertar o seu reino da opressão que o tirano dragão vermelho Zamir tem propagado. Apesar de Ruff ter sido treinado pelos monges do mosteiro de São Arnaldo, seu caminho reserva muitos desafios. Conforme você avança nos encontros (missões), sua estória é aos poucos contada, geralmente através de trechos de livro, diálogos entre personagens, cutscenes, e também nos detalhes do jogo como um todo.

A dinâmica do jogo é baseada em encontros, alguns serão narrativos, mas a grande maioria será de batalha. Os encontros narrativos contam mais da estória do jogo, e os de batalha você coloca suas cartas contra os adversários. Todos os tipos de encontros costumam dar recompensas, e a maioria delas são novas cartas.

Encontros possíveis – Screenshot: Steam Deck/Joguindie

Os encontros

Os encontros narrativos tem formato similar ao de visual novels, então geralmente personagens estão conversando sobre algo… durante esse momento algumas escolhas poderão ser dadas para você. As escolhas costumam reservar recompensas boas e/ou ruins, depende da sua percepção ou sorte, pois algumas escolhas em um primeiro momento podem ser desconhecidas, assim como outras utilizam cartas do seu baralho como parâmetro de resultado. A ideia dos encontros narrativos é bem interessante, mas sua simplicidade e fator sorte podem ser frustrantes as vezes.

Como o jogo é um roguelite, morrer faz parte, e sua próxima run até certo ponto terá encontros narrativos diferentes, mas de um modo geral, serão os mesmos que você viu na run anterior, logo você pode seguir por diálogos conhecidos e assim garantir recompensas boas. A parte ruim disso é que depois de algumas runs, os encontros narrativos perdem parte do seu brilho devido o a repetitividade. Tem encontros narrativos que você utiliza suas cartas em prol do resultado desejado, esses encontros requerem que você tem uma boa leitura das cartas presentes no seu baralho, já que dependendo da escolha, a probabilidade pode não estar ao seu lado.

Uma boa recompensa me espera ao final desse diálogo – Screenshot: Steam Deck/Joguindie

Mais sorte da próxima vez

O fator sorte atrelado a jogos de deckbuilding é algo que na minha opinião precisa ser mitigado com inteligência para não acabar arruinando qualquer experiência com o gênero. Ruff Ghanor sabe como tratar esse fator decentemente, mas sinto que em alguns momentos, a sorte se faz presente demais, tive momentos complicados, onde as novas cartas encontradas acabavam mais me atrapalhando do que ajudando, fora alguns encontros narrativos que me penalizavam com cartas prejudiciais ao meu baralho, apenas por conta do meu azar. Para piorar, a progressão do jogo é um tanto lenta, acabei precisando fazer uma quantidade generosa de runs para poder comprar e acrescentar novas cartas ao meu baralho inicial.

É nos encontros de combate que você coloca o poder das suas cartas em ação, a dinâmica é simples, você tem X pontos de ação, e cada carta custa X pontos, quando seus pontos de ação acabarem, é o turno do adversário. Cada turno requer planejamento, a sua vida geralmente é baixa, conseguir mais não é tão simples, e caso você morra, acabou a run. Os combates são bem divertidos, tem um ritmo legal, e requerem de você jogadas calculadas, e planejamento a longo prazo, especialmente contra determinados adversários que usam e abusam de buffs e debuffs em você.

Milagre neles!!! – Screenshot: Steam Deck/Joguindie

Ser derrotado tem suas vantagens, é quando você consegue absorver melhor tudo o que aconteceu na run, e pode utilizar o dinheiro conquistado para comprar e acrescentar espaço para novas cartas, algo que faz uma diferença positiva no early game dependendo das suas escolhas.

Construindo e se divertindo

Construir baralhos em Ruff Ghanor é bem legal, mas você precisa avaliar bem as cartas que está colocando no seu baralho, existem três tipos de cartas: Ataque, Controle e Oração. Cartas de ataque fazem exatamente o que o nome sugere, Controle garante mais estabilidade aos confrontos, e Oração é um misto de Controle com Ataque. Simplesmente manter o equilíbrio é uma boa estratégia, por mais tentador que seja ter um baralho mais agro, os adversários do jogo não dão colher de chá.

Verificando o meu baralho na Forja antes de começar um novo run – Screenshot: Steam Deck/Joguindie

Joguei Ruff Ghanor no meu Steam Deck sem problemas graves, mas existem alguns detalhes visuais estranhos no portátil, porém de um modo geral, a experiência foi satisfatória. Minha maior ressalva vai para o tamanho pequeno das fontes, e também a falta de opções de acessibilidade, foi difícil ler alguns textos do jogo sem a ajuda do recurso de zoom do Steam Deck.

Ruff Ghanor tem alguns tropeços incômodos para mim como a sua lógica de aleatoriedades atrelada à progressão, e estória contada repetidas vezes, mas felizmente nada disso tira o seu brilho, e o resultado é um jogo de deckbuilding caprichado e divertido de jogar.

A cópia do jogo utilizada para essa review foi generosamente disponibilizada pela assessoria de imprensa do Jovem Nerd/Magalu, distribuidora do jogo, a qual agradeço pela confiança.


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